A análise de amostras de solo e de água, em diferentes pontos de armazenamento de água de drenagem do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, em Petrolina (PE), constatou a presença de elevadas quantidades de sais e baixos valores de pH. Os resultados dessa análise constam de trabalhos apresentados por pesquisadores da Embrapa Semi-Árido no 380 Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, realizado em Juazeiro-BA e Petrolina-PE.
A quantidade considerada normal do índice de salinidade no solo é condutividade elétrica (C.E) menor que 4 dSm-1 . Nas amostras de solos avaliadas, foram encontrados valores que chegaram a 11,82 dSm-1 – no período de chuva – e 13,35 dSm-1 – na época sem chuva. Conforme as pesquisadoras Luiza Teixeira de L. Brito e Roseli F. Melo, os maiores valores de C.E nos meses mais secos do ano se deve à evaporação mais intensa da água, o que aumenta a concentração de sais. O baixo pH, por sua vez, indica a tendência dos solos a se tornarem ácidos.
As coletas dos solos para análises foram feitas em nove lagoas de drenagem do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho – PISNC, e em solos em condições não cultivadas. Os pesquisadores encontraram teores elevados de elementos químicos como sódio (Na), cálcio (Ca), potássio (K) e magnésio (Mn). Também registraram a presença de metais pesados como chumbo (Pb), cádmio (Cd) e cromo (Cr), em níveis acima do permitido pela legislação.
Para as autoras dessa pesquisa, a causa mais provável para esta situação é o excesso de aplicação de fertilizantes, falta de drenagem adequada e a ineficiência dos sistemas de irrigação. Estes fatores, associados ao regime irregular das chuvas e à elevada evaporação, aumentam a presença de sais solúveis e outros elementos no perfil do solo, podendo vir a prejudicar a produção agrícola de forma significativa e a entrada desses elementos tóxicos na cadeia alimentar.
De acordo com Luiza Brito e Roseli Melo, esta é uma situação que tem grande potencial poluidor e pode expressar efeitos tóxicos às plantas, que, uma vez absorvidos pelas plantas, os metais pesados podem entrar na cadeia alimentar e causar sérios impactos na saúde do homem. Nas áreas que circundam as lagoas onde foram coletadas as amostras de solo e de água já se percebe a mudança na paisagem, em especial com o desaparecimento da vegetação natural.
A irrigação é uma prática necessária, que faz uso intensivo dos recursos naturais, em especial da água. Seu uso nas propriedades aumenta de forma significativa a produção de alimentos e a produtividade agrícola. No entanto, quando mal manejada e associada ao uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos e à ausência de drenagem em muitas áreas, conduzem à degradação das terras sob cultivo e evolui para se tornarem improdutivas, com tendência de abandono pelos produtores, explicam as pesquisadoras.
Dados estatísticos de 1999 apontam que metade da área irrigada em todo o mundo está seriamente afetada pela salinidade e encharcamento. Mais: 10 milhões de hectares irrigados são abandonados anualmente devido à degradação dos solos. No Brasil, cerca de 25% da área irrigada estão salinizadas ou em processo de salinização, sendo que, aproximadamente, 90% dessa área encontram-se em projetos como os de São Gonçalo e Curemas, no Estado da Paraíba.
Contatos:
Luiza Teixeira de Lima Brito – pesquisadora;
luizatlb@cpatsa.embrapa.br
Roseli Freire de Melo - pesquisadora;
Roseli.melo@cpatsa.embrapa.br
Marcelino Ribeiro – jornalista:
marcelrn@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Semi-Árido – 87 3862b 1711
sac@cpatsa.embrapa.br