Mais de mil pessoas, de todo o Brasil e de outros países, participaram da abertura do 5º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, no Sesc de Guarapari, na noite desta segunda-feira (10). Realizado pelo Governo do Estado, por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), da Secretaria de Estado da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca (Seag) e a Associação Brasileira de Melhoramento de Plantas, o evento acontece pela primeira vez no Espírito Santo. As atividades prosseguem até quinta-feira (13).
Durante a cerimônia, que contou com a presença do secretário de Agricultura, Ricardo Santos; do presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo; do secretário de Ciência e Tecnologia, Paulo Foletto; deputados estaduais e lideranças municipais, o diretor executivo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Geraldo Eugênio de França, falou sobre o tema do evento: “O Melhoramento e os Novos Cenários da Agricultura”. Foram discutidos os desafios e as perspectivas na segurança alimentar e energética mundial; o aquecimento global; a biotecnologia; a produção de alimentos versus a produção de biocombustível, entre outros.
O secretário Ricardo Santos destacou que o avanço do Espírito Santo com o café Conilon e na área da fruticultura se deve ao uso de variedades melhoradas, que estimularam a difusão e adoção de outras práticas como adubação, a irrigação, a poda, o manejo do solo e o aperfeiçoamento dos processos de colheita. “Nos últimos 15 anos, saltamos de uma produtividade média de 9,2 sacas /hectares de café Conilon para 27, um incremento de 215%. Temos uma história de sucesso com as pesquisas voltadas para a fruticultura, com cultivares resistentes a doenças, especialmente a banana, o abacaxi e o mamão. Não acreditamos em uma agricultura que se desenvolva sem pesquisa, e o Incaper é um dos melhores órgãos de pesquisa do Brasil”, disse Ricardo Santos.
O diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, disse que por meio da ciência e da tecnologia é possível enfrentar os desafios. “Podemos melhorar o mundo através da melhoria das plantas. Nos últimos cinco anos, dezenas de variedades foram lançadas ou recomendadas pelo Instituto, promovendo avanços importantes para a agricultura capixaba e brasileira. “O milho Capixaba Incaper 203, de maior valor nutricional e mais resistente a doenças do que outros; o café Conilon Vitória, que proporcionou um salto histórico na produtividade, contribuindo para alcançarmos o primeiro lugar no ranking nacional de produção desse café no País; as bananas Japira e Vitória deram uma esperança aos produtores que lutavam contra a sigatoka-amarela e negra e ao mal-do-panamá, que dizimavam lavouras inteiras. Sem contar com o abacaxi Vitória, a saída para os agricultores que perdiam toda a produção por causa da fusariose”, explica Melo.
De acordo com o secretário Paulo Foletto, o agronegócio capixaba tem um peso importante na atividade econômica e na distribuição de renda. “O Espírito Santo tem caminhado para a inovação. O Incaper é um importante parceiro da Secretaria de Ciência e Tecnologia, em direção ao desenvolvimento do agronegócio capixaba”.
Segundo o pesquisador do Incaper e presidente da comissão organizadora do evento, Romário Gava Ferrão, o encontro será uma oportunidade importante para se debater o cenário futuro da agricultura. “O melhoramento de plantas tem auxiliado com eficácia no combate à fome e na diminuição dos excluídos. Isso vem ocorrendo pelo desenvolvimento e recomendação de cultivares adaptadas aos diferentes ambientes, e sempre que possível, resistentes à pragas, as doenças, à seca e as altas temperaturas. Tudo isso, associado ao aumento da produtividade, a melhoria da qualidade final dos produtos, num enfoque de sustentabilidade”.
Os novos cenários da agricultura
De acordo com o diretor executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio de França, que tratou do tema ‘O Melhoramento e os Novos Cenários da Agricultura’, entre os dez maiores problemas da humanidade para os próximos 50 anos, pelo menos quatro atingem diretamente a agricultura: a falta de água, de alimentos, de energia e a destruição do meio ambiente.
“Estamos testemunhando um período de aquecimento global, com alterações de temperatura visíveis. Esses próximos anos vão necessitar de esforços da ciência e da tecnologia para produzir alimentos que a sociedade precisa, mesmo com os desafios climáticos”.
Na agricultura, uma das mais impactadas por esses novos cenários, os principais desafios que a humanidade vai precisar dar respostas são em relação à perda de produção, ao solo e a produtividade das lavouras e de pastagens. E principalmente, à demanda crescente por alimentos.
“Em 2025, serão 8,3 bilhões de pessoas para serem alimentadas”, enfatiza José Geraldo. “Por isso, produzir mais alimentos em uma área menor, com maior temperatura e com menos disponibilidade de água é o desafio dos melhoristas e de toda a comunidade científica”.
Ele acredita que as perdas na colheita serão resolvidas a partir da biotecnologia e do melhoramento. “Mas não podem ser ignorados a sustentabilidade, a saúde, a qualidade de vida e a competitividade”, finaliza.
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