Petrolina - O investimento em certificação de produto tem auxiliado na garantia de mercado e também na redução de custos de produção. Essa é a avaliação que se tem quando se entra em contato com a realidade da fruticultura no Vale do São Francisco. Na Fazenda Bela Safra, a 20 quilômetros do centro de Petrolina (PE), o trabalho é voltado principalmente para a ampliação gradativa as áreas de plantação de mangas certificadas.
Laércio Stenio, 24 anos, gerente administrativo da propriedade há três anos, conta que desde 1992 a Fazenda é voltada para o cultivo de manga. “Hoje temos 48 hectares plantados. Desses, 20 hectares são de mangas certificadas”, diz. “Estamos trabalhando para certificar mais áreas”, completa. As mangas certificas são das variedades Tommy e Haden.
Para a certificação Laércio conta que foram necessárias diversas adequações às normas. Foi modificado o espaçamento do plantio e melhorada a estrutura da propriedade, com a construção de mais banheiros e estação de preparação de agroquímicos, por exemplo. “Também tivemos que aumentar a documentação de todo o processo da cultura e ainda dos estoques”, diz. “Levamos dois anos para certificar esses primeiros 20 hectares”.
A primeira certificação saiu em 2007 e foi em Produção Integrada de Frutas (PIF) e Eurepgap, que será substituída ainda este ano por Globalgap. Nessas certificações, a empresa, que faz parte do projeto Arranjo Produtivo Local de Fruticultura Irrigada de Pernambuco, recebeu apoio do Sebrae.
Segundo Laércio, um dos motivos para a empresa querer ampliar a área certificada é porque a certificação baixou os custos de produção. Com mais controle sobre os procedimentos, houve redução no uso de agroquímicos e redução nos problemas de saúde de empregados.
Além disso, o mercado tem procurado mangas certificadas. “Muitos exportadores do Vale do São Francisco ainda só pensam no preço e não na qualidade. Mas já fechamos com exportadores que dão preferência por comprar as nossas frutas porque são certificadas. Eles já entendem que assim todo mundo ganha mais, principalmente o consumidor”, conta.
Para manter tudo organizado conforme as normas das certificadoras exigem, a empresa faz duas auditorias internas ao ano. Nelas são apontadas as não-conformidades que devem ser corrigidas pela equipe. Somente após a auditoria interna, marcam a auditoria externa para renovar a certificação.
Boa parte da produção da Fazenda Bela Safra é exportada para Europa, Estados Unidos, Japão e Canadá. Em 2007, 70% da produção foi exportada. Em 2008, foram 90%. “Neste ano, vamos depender do mercado que estiver melhor”, diz. Na semana passada, a empresa já estava colhendo as mangas do tipo Haden. Trinta caixas já estavam sendo enviadas para o mercado de São Paulo.
Em média, a empresa produz 25 toneladas por hectare ao ano. “Mas neste ano, por conta das fortes chuvas que ocorreram na região, a produção deve cair para 15 toneladas por hectare”, calcula Laércio.